A medicina, pilar de esperança para a sociedade e outrora bastião de respeito e admiração, agoniza sob o peso do descaso. A proliferação desenfreada de escolas médicas lança no mercado uma massa de profissionais despreparados, corroendo a essência da arte de curar e colocando em risco a saúde da população. Os dados alarmantes do CFM, mostrando um aumento de 96% no número de médicos no Paraná desde 2010, comprovam o absurdo dessa situação. Já somos mais de 37 mil profissionais no estado, com uma densidade de 3,20 médicos por mil habitantes! Para que, então, continuar abrindo escolas médicas como se estivéssemos em falta?
É um contrassenso gritante: enquanto faltam leitos, faltam recursos, faltam hospitais, abrem-se novas escolas, como se a solução para a saúde residisse em quantidade, não em qualidade. Essa lógica perversa, que coloca o lucro acima da saúde, avilta a medicina e desrespeita a população.
Diante dessa avalanche de absurdos, a união da classe médica torna-se imperiosa. Cabe a cada um de nós, como guardiões do juramento que fizemos, lutar por uma medicina digna, ética e respeitada. Defender a classe é defender a saúde, é defender a vida.
As instituições podem, e devem, nos guiar nesse caminho, mas a responsabilidade final é individual. Unirmo-nos em torno de princípios éticos inegociáveis é o escudo que nos protegerá da mediocridade e da desvalorização.
O desafio é colossal, mas não podemos nos curvar. A medicina, e aqueles que a ela dedicam suas vidas, merecem respeito. Que essa indignação seja o combustível para a mudança, para que a arte de curar seja resgatada da banalização e da mercantilização.
Autor: Dr. Mário R. Montemór Netto.
O aumento no número de médicos no Brasil é significativo, mas levanta questões sobre a qualidade da assistência prestada à população. A densidade de médicos por habitante pode ser alta em algumas regiões, mas isso não necessariamente se traduz em melhor atendimento se a formação desses profissionais for deficiente4. A falta de controle sobre a abertura de novas faculdades e a ausência de uma formação humanística e ética são preocupações adicionais que comprometem a relação médico-paciente e os desfechos clínicos.
Portanto, o texto serve como um chamado à ação para que a classe médica se una em defesa de uma formação digna e ética, priorizando a qualidade sobre a quantidade. É essencial que políticas públicas sejam implementadas para assegurar que novos cursos de medicina atendam aos padrões necessários para formar médicos competentes e preparados para os desafios da saúde moderna.
Existe uma pressão natural similar a lei da gravidade, de cima para baixo que advém de interesses políticos e econômicos, por vezes misturados e outras vezes isoladamente que determinam a cultura e as políticas públicas em todos os segmentos. Tal qual a natureza existe uma única lei universal capaz de vencer a lei da gravidade , a capilaridade que na natureza forma se em veias capilares que conseguem elevar a seiva de árvores dezenas de metros acima vencendo a gravidade. No ambiente social precisamos da mesma força e ela é possível e factível quando as pessoas se unem por um objetivo . O momento urge .